Um dos maiores pensadores do século 20, Jean Piaget, explica que “a identidade humana e seus valores morais são construídos a partir da interação do sujeito com os diversos ambientes sociais.” Pensando desta forma, podemos concluir que todo o convívio que cerca diariamente o crescimento de uma criança está diretamente ligado à construção de valores, princípios e preferências.
Além da genética e aptidão para áreas específicas, não raramente encontramos médicos, professores, engenheiros, dentistas, advogados ou atletas como, além de pais, referência de carreira para os filhos. Os profissionais dentro de casa (seja pai, mãe ou outro responsável) são um dos primeiros contatos que a criança tem com o trabalho.
Contudo, algumas pessoas nascem com uma predisposição para determinadas profissões e isso é facilmente reparado pelas pessoas à sua volta. Nesse caso o papel dos pais pode ser incentivar, mas não impor uma escolha.
Filho de peixe…
Mas será que realmente o “fruto não cai longe do pé?” Nem todos os filhos seguem os passos dos pais, mas podemos lembrar de personalidades que fazem jus ao jargão “filho de peixe, peixinho é.”
É o caso de Elis Regina e Maria Rita. Considerada por muitos críticos como a melhor cantora do Brasil entre as décadas de 60 e inícios dos anos 80, Elis teve uma morte precoce e súbita, com overdose por cocaína aos 36 anos de idade. Nesta época, Maria Rita tinha apenas 4 anos e provavelmente não guardava muitas recordações do cotidiano com a mãe. Mas nesse caso foi a genética que falou mais alto! Com o mesmo carisma de Elis e voz incrivelmente qualificada e admirável Maria Rita se consagra como ícone da música brasileira.
Quem estuda balé já deve ter ouvido falar sobre “a primeira bailarina a dançar ‘na ponta’”. Marie Taglioni nasceu em 1804 em Estocolmo, filha do bailarino e coreógrafo italiano Filippo Taglioni e da bailarina sueca Sophie Karsten. Desde muito cedo Taglioni foi incentivada e treinada por seus pais, o que resultou em uma dança refinada na técnica e marcante pelo estilo flutuante dos passos.
Certamente esses incansáveis ensaios embasaram a grande bailarina que ela viria a ser. Com uma coreografia de balé montada especialmente para Taglioni, La Sylphide, a dança era interpretada por completo nas pontas dos pés, fato inédito em XIX. A bailarina atingiu ótima reputação entre os russos, referências mundiais na arte do balé.
Nas artes cênicas também?
No teatro ou televisão também não costuma ser muito diferente. A influência natural de pais para filhos é prestigiada nos palcos e telinhas do nosso país. Podemos lembrar de Lima Duarte e sua filha Débora Duarte, Dennis Carvalho e Christiane Torloni com o filho também ator Leonardo Carvalho, Glória Pires e Cléo Pires, Regina Duarte e Gabriela Duarte, o casal Fernanda Montenegro e Fernando Torres com a filha Fernanda Torres… e muitos outros por esse imenso Brasil.
Partimos do princípio de que uma boa escolha profissional leva em conta quem é o jovem, o que é o mercado de trabalho e o que é a vida universitária. Essa parece ser uma maneira adequada para chegar a uma decisão sobre a vida profissional, mas a influência familiar pode contar muito sim! Positiva ou negativamente. Não é?